sexta-feira, 20 de março de 2020

O silêncio das ruas


Não se ouve mais o barulho dos carros 
Nem passos nas calçadas 
E as vozes silenciaram 
Com exceção dos pássaros 
Que ainda cantam suas canções. 
Em alguns lares o silêncio 
De quem está mais sozinho do que nunca 
E que não pode mais 
Abraçar seus entes queridos. 
Há um vírus 
Que espalha o medo e a morte pelas casas 
Sem escolha Sem acepção de pessoas. 
- Não saim nas ruas! - Eles gritam 
E não se ouve mais os risos 
E as músicas embalando esses sorrisos. 
Lágrimas silenciosas 
Em lugares solitários e frios. 
Lá fora o vento sussurra nas folhas 
Que caem das árvores 
Isoladas e tristes. 
Não há vida a salvo em lugar nenhum 
Nem posso caminhar em meio a multidão. 
Fileiras de esquifes 
Com corpos solitários 
Ceifados pela foice violenta da morte 
Sem poder se despedir. 
Quando vamos poder voltar às ruas? 
Haverá outras oportunidades para os risos 
Os abraços e as fraternidades? 
Quando a tempestade passar 
E o vento calmo soprar 
Haveremos de ver, outra vez, 
O sol raiar no horizonte. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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