terça-feira, 24 de março de 2020

O Mundo de Ponta Cabeça


De repente quase tudo parou 
Há um silêncio nas ruas 
Não ouço o barulho dos aviões, trens e ônibus 
Agora só ouço os pássaros a cantar na minha janela. 
Cidades desertas, bares fechados 
Casas noturnas em silêncio 
E as pessoas em suas casas 
Algumas com medo do que está lá fora 
A ameaça que ninguém pode ver 
Mas que ceifa vidas 
Sem escolher se é pobre ou rico, 
Branco ou negro 
Homem ou mulher… 
A única diferença é que a morte 
Prefere os mais velhos e doentes. 
Ao notar o silêncio das ruas 
Nos perguntamos se era mesmo preciso uma pausa… 
Parece que sim. 
A vida frenética do mundo moderno 
Tinha que parar mesmo uma hora. 
Para dar fôlego ao planeta. 
A terra não suporta tanta exploração. 
Durante esse período de confinamento 
Haverá uma queda considerável na violência, 
Nos acidentes de carros 
Nas brigas de bares… 
Uma pausa para as pessoas refletirem sobre suas vidas. 
Em suas casas 
Às pessoas terão mais tempo 
Com suas famílias, 
Seus filhos, 
Seus pais… 
Alguns em suas casas poderão ler um livro, 
Ler a História 
E saber que não é a primeira vez que isso acontece… 
Pode ser que descubram 
Que se pode viver sem o futebol, 
Sem os shows 
E sem as festas 
 Que envolvem bebidas, drogas e sexo desenfreado… 
O mundo está de ponta cabeça 
Se autodestruindo 
E era preciso uma pausa. 
Um minúsculo vírus 
É capaz de colocar a terra em seu eixo natural. 
Governos devem agir, 
Tomar medidas 
Fazer alguma coisa. 
E a morte espreita lá fora. 
Passando de um para outro 
No toque das mãos, no abraço. 
E de repente se percebe quem são os verdadeiros heróis 
Os profissionais da saúde, 
Da segurança, 
Da ciência… 
E não jogadores de futebol ou pilotos de Fórmula 1 
Que ganham milhões de dólares. 
É. 
De repente percebemos algo diferente 
O mundo irá sobreviver a mais essa pandemia. 
Já sobreviveu a Peste Negra 
A Gripe Espanhola e outras epidemias… 
Mas, o mundo não será o mesmo. 
Com a descoberta da cura para o Coronavírus 
E das homenagens aos milhares de mortos 
Que não puderam ter a sua despedida… 
O mundo continuará a sua marcha 
E tudo isso só será mais uma lembrança. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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