Caminha o silêncio de uma ironia.
Um peso nos ombros, olhar que vacila,
Sabe que o amanhã tem um preço que oscila.
O tempo congela no instante primeiro,
Em que a mão treme sobre o tinteiro.
Há vozes que gritam, há rostos que clamam,
Mas o destino exige que todos se calem.
É preciso, diz a razão, com frieza,
Que a dor se espalhe como correnteza.
Inúmeras vítimas, um eco em ruínas,
Marcam no chão as linhas tão finas.
Uma tentativa, no escuro, se faz,
De salvar o futuro em um ato audaz.
Mas quem conta as almas que ficam atrás?
Quem escreve o lamento que a história desfaz?
Decidir é punir, é externar um cinismo,
É dançar na borda de um grande abismo.
A decisão pesa, é faca que corta,
Uma vida que segue, outras tantas, mortas.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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