quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Os devaneios de um caminhante solitário


Nem mesmo as pedras do caminho podem me fazer parar
De meus olhos marejados de tristeza
Eu escondo uma dor terrível que tomou conta do coração
Quando não mais pude ver a beleza de seus olhos.
Um caminhante solitário vaga sem rumo
Na imensidão desta estrada que parece não ter fim
Em sua mente desfila as agruras da vida sofrida
E as lembranças de um amor que já não existe mais.
Como tudo pode ter chegado ao fim
Quando a felicidade já parecia tão real em mim?
Sentirei a saudade que tortura-me nas madrugadas
Como o uivo estridente do último lobo vivo.
Não sinto meus pés que agora sangram
Pois estão rasgados pelas pedras pontiagudas do caminho
E meus braços são rasgados pelos espinhos
Que circundam as folhagens a minha volta.
Sinto o calor da jornada se intensificar
Na medida em que percorro cada palmo de chão
Não há mais esperança para os olhos cansados
Que enfrentam a angústia do abandono premeditado.
Esse caminhante solitário que percorre este maldito caminho
Outrora foi um venturoso cavalheiro nas cortes.
Traído pelos seus sentimentos deixou-se conduzir
Para um caminho de abandono total sem esperança.
Não fale de amor para ele e nem cante suas canções
Seus ouvidos já não as suportariam como antes.
Deixe-o descansar quando quiser em uma sombra
E afogar em suas mágoas que teimam em corroer-lhe o coração.
No fundo pode ser que é isto mesmo que mereça
Depois de tudo que constantemente fizera.
Arrebatar em suas mãos os corações
E deixá-los serem roubados sem piedade.

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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