sábado, 12 de fevereiro de 2022

O Cavaleiro com Escudo de Prata que enfrentou o Monstro no Pantanal

O cenário era sombrio e perigoso 
Não se ouvia nada além de alguns coaxar dos sapos no pântano 
Podia sentir os espinhos tentando perfurar-lhe as pernas 
Se não fossem sua proteção de couro 
Presente de um dos ribeirinhos que tinha feito amizade. 
A lua era muito clara e iluminava alguma parte do caminho 
Onde as árvores eram esparsas 
E tentava visualizar com o olhar os perigos que o rondavam 
- Cuidado com as onças - disseram-lhe os ribeirinhos 
- Elas atacam de forma sorrateiras e tem muitas delas por ai. 
Carregava na bainha a sua espada afiada 
E o escudo de prata que havia ganhado de um guerreiro 
Quando, ferido por uma flecha, entregou-lhe como presente 
De um moribundo que sabe ser a sua última hora nesta vida. 
- Que ele possa lhe proteger e dar-lhe vida longa 
Disse o guerreiro antes de sua última respiração 
E seus olhos encheram-se de lágrimas. 
- Socorro! Ajude-me! 
É o grito de uma moça em grande perigo. 
Puxa bruscamente a rédea do seu alazão 
E atenta para a direção do pedido de socorro 
É bem próximo e se embrenha no meio do pântano. 
Com a visão um tanto turva consegue identificar 
 Uma moça presa nas folhagens 
Cipós amarrados em suas pernas a impossibilita de andar 
E a sua frente está uma criatura enorme 
O cavaleiro com o escudo de prata avança com seu cavalo 
Empunha a sua espada e vai em direção ao monstro 
- Não! - Grita a moça - Não faça isso! 
O cavaleiro se detém antes do golpe fatal 
E o monstro olha para ele com um olhar de surpresa 
Assustado com o brilho da espada sob a luz da lua 
Se encolhe em meio ao mato que o cerca. 
- Ele é uma criatura inocente - Diz a moça 
Livre de suas amarras ela vai em direção a fera e a abraça 
- Apenas foi amaldiçoado por uma antiga feiticeira. 
O cavaleiro vê quando ela olha nos olhos do monstro 
E, sob a luz da lua, entende que o amor vai além das aparências 
E a tudo pode superar quando se ama de verdade. 
- Me leve com você! - Ela diz olhando para o cavaleiro 
- Aqui é o lugar dele. 
A moça sobe na garupa do cavalo e eles olham para o monstro 
Que adentra o pântano e some na escuridão 
Enquanto o cavaleiro com escudo de prata segue a sua jornada 
Depois de salvar a donzela perdida. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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