quinta-feira, 5 de abril de 2018

Pesadelo



Apaguei a luz e senti um calafrio 
Havia um vulto 
Como se houvesse uma pessoa 
Em pé ao lado da cama. 
Que porcaria é essa? 
Pensei comigo 
Num sobressalto acendi a luz 
E nada havia em meu quarto 
A não ser a minha solidão. 
Uma indagação perpassava a minha mente 
Enquanto sentia o coração pulsar acelerado. 
Não sei se estava dormindo 
Sonhando que estava acordado 
Ou se estava acordado 
Acreditando que estivesse dormindo. 
Que realidade é essa? 
Que pesadelo é este que tenho agora? 
O que são as sensações dentro de mim 
Que se digladiam a todo instante? 
Quero acordar deste sono profundo 
Tornar-me uma metamorfose 
Viver uma transformação. 
Mas, no silêncio sepulcral que sinto agora 
Não há espaço para as minhas divagações. 
Uma tonelada de sentimento 
Afunda o meu intelecto e sinto náuseas estomacais 
Que me fazem vomitar as palavras. 
Espanto, então, os demônios 
Que pairam sobre minha cabeça 
Os enxoto sem compaixão 
Pois não quero ouvir seus grunhidos 
E, muito menos, ser por eles atormentados. 
Fecho os olhos e tento dormir 
E já não sei qual realidade estou. 
Acordado para a vida eterna 
Morto para a vida terrena. 
Não pertenço a este lugar 
E como peregrino 
Sou enxovalhado pelas criaturas abomináveis 
Que perturbam o meu sono. 
Tapo os meus ouvidos e dou um grito: 
- Cale-se, demônios do inferno! 
Sem saber que os demônios 
São meus próprios pensamentos. 

Poema: Odair José, o Poeta Cacerense

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