terça-feira, 6 de agosto de 2024

Não falarei de amor

Caminhei por estradas sinuosas, escuras, 
Onde o sol se escondeu e a lua não sorriu. 
Cada passo era um fardo, um peso que não cedia, 
E a noite trouxe consigo uma amarga melodia. 
 
Não falo de amor, pois não há consolo, 
A despedida cravou em mim um abismo sem fim. 
Os dias passaram lentos, sem brilho ou cor, 
Cada amanhecer era uma lembrança do que perdi. 
 
Senti o vento frio que sussurrava adeus, 
Levando consigo sonhos, promessas não cumpridas. 
O tempo, esse carrasco implacável, 
Roubou-me a esperança, deixou-me sem abrigo. 
 
Os rostos ao redor são sombras vagas, 
Indiferentes ao meu pranto silencioso. 
Há um vazio onde outrora havia vida, 
Um eco de risos que agora são apenas ruídos distantes. 
 
Não há palavras para descrever o vazio, 
A dor que se instala e se recusa a partir. 
Despedidas são cicatrizes invisíveis, 
Marcas profundas de batalhas interiores. 
 
Não falarei de amor, pois o amor se foi, 
Deixou-me apenas a lembrança de uma felicidade efêmera. 
A dor da despedida é um grito sufocado, 
Um lamento que ecoa na noite sem fim. 
 
E assim sigo, carregando meu luto, 
Numa caminhada solitária, sem rumo certo. 
Não falarei de amor, pois ele se desfez, 
Restando apenas a sombra do que um dia foi. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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