quarta-feira, 28 de agosto de 2024

A vida segue o seu curso

Havia um brilho no olhar que fora ofuscado 
Pela lágrima que teimosamente 
Insistia em escorrer pela face silenciosa 
Naquela tarde de primavera. 
Nem mesmo as flores a exalar perfume 
E as borboletas coloridas a voarem 
Poderia alegrar aquele coração dorido. 
Uma dor silenciosa tomava conta da alma 
Que relutantemente tentava livrar-se da ilusão 
Causada pela despedida. 
O amor que sempre buscou 
E que, por um instante acreditou ter encontrado, 
Saiu pela porta sem olhar para trás. 
Havia só o silêncio 
Depois que a viu dobrar a esquina. 
Ao perceber tinha caminhado até o jardim 
E ali permanecera até anoitecer. 
Olhou, então, para as estrelas 
Que no céu dava seus primeiros sinais 
Um suspiro fundo 
E a esperança de uma vida nova. 
Na solidão do tempo 
Imaginou o brilho daquele olhar 
Que outrora estivera tão perto 
E a lembrança dos dias bons 
É a força da caminhada. 
A vida segue seu curso, 
Assim como os rios serpenteiam as montanhas 
Até chegar ao mar, 
Um dia encontrará o amor 
E novas formas de amar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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