sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Terra de silêncios

Eram ventos de mares distantes, 
Velas brancas o horizonte a cortar, 
Na terra que já pulsava em cores, 
Chegaram os passos pesados, explorar. 
 
Os rios cantavam segredos antigos, 
As florestas guardavam espíritos vivos, 
Mas os olhos que vinham de longe 
Não viam a alma, só o ouro, dos nativos. 
 
Desceram com cruzes e espadas, 
A língua afiada, numa estranha canção, 
Desfiaram em sangue a história contada, 
Negaram à terra sua própria oração. 
 
E o que era vida, dança e memória, 
Virou poeira sob a marcha do aço, 
Esqueceram que em cada rosto pintado, 
Havia um mundo, um sonho, um singelo traço. 
 
Mas a terra guarda seus sussurros, 
Nas veias do tempo, nas pedras, no chão, 
E quem sabe, um dia, as vozes caladas 
Ressurjam mais fortes em renovação. 
 
No silêncio imposto, brota a resistência, 
Nas sombras da história, a verdade persiste, 
Pois o espírito da terra é antigo, é eterno, 
E em cada grão de areia, a lembrança resiste. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense 
 
Obs. Este poema tenta refletir sobre a chegada dos europeus na América, o impacto da conquista e a resistência silenciosa, mas duradoura, das culturas nativas.

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