sábado, 3 de agosto de 2024

O pesadelo do artista

O corvo tem a voz perdida 
Quando não pode ser assustador 
A noite mais escura pode nem ser notada 
Se a pessoa fechar seus olhos 
É quando as boas lembranças 
Tornam-se fantasmas que desaparecem na escuridão 
Como neblina no alvorecer. 

Será o que pode ser o pesadelo do artista? 
O que pode fazê-lo desistir de sua arte? 
O som da chuva que não pode ouvir? 
O silêncio dos pássaros que não voam mais? 
O choro da criança que descansa em paz? 
Será os demônios da criação? 
Ou apenas o horror da imaginação? 

São muitas e infinitas perguntas 
Que não tem nenhuma resposta plausível 
Quando o artista de funde no caos 
Quando a imaginação se torna uma criatura selvagem 
E ninguém pode domá-la a contento 
Porque o caos pode provocar pesadelos 
Ou seríssima ilusão de ótica. 

O sangue quente de um ancião 
Treme diante de dos calafrios iminentes 
Correntes que são soltas das mãos inertes 
Dos prisioneiros presos no tempo 
Nas vitrines onde tudo que esperamos 
Não faz mais sentido do que a solidão do vazio 
De quem não soube esperar o tempo certo. 

O que você vê pode ser o que não vê exatamente 
Porque a visão pode ser distorcida 
Com os pesadelos constantes em nossa jornada 
Não se pode mais dormir tranquilo 
Porque há revelações por onde quer que vá 
Como atalaias gritando a todo pulmões 
Proclamando as suas notícias alvissareiras. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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