domingo, 4 de maio de 2025

O último suspiro

O último suspiro 
Não é apenas ar, 
É a alma que sussurra 
O que a boca nunca teve coragem de dizer. 
Há segredos que só o silêncio entende. 
E o último suspiro… 
É o único que fala com o tempo. 
 
O fim não pede desculpas. 
Mas o último sopro tenta, 
Como se pudesse costurar com vento 
As palavras que faltaram. 
O último suspiro é o poema mais sincero: 
Não tem rima, nem verso, 
Mas tem verdade. 
 
Quem ouve o último suspiro 
Carrega uma herança invisível: 
O peso do não dito, 
E a dádiva de continuar. 
O último suspiro não procura plateia. 
Ele dança sozinho, 
Num compasso que só o destino escuta. 
 
Quando o peito solta o último ar, 
Não é o corpo que parte, 
É a lembrança que decide em quem vai morar. 
Às vezes, o último suspiro 
É uma pergunta lançada ao escuro, 
Na esperança de que alguém, um dia, 
Responda com vida. 
 
Não há mentira no último suspiro. 
É o único instante em que o ser 
Deixa de fingir que não tem medo. 
Alguns partem com um grito, 
Outros com um sopro, 
Mas há quem transforme o último suspiro 
Em uma semente, 
E floresça dentro de quem fica. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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