terça-feira, 23 de junho de 2020

O demônio que sai à meia-noite



O silêncio que foi bruscamente rompido 
É apenas o início da angústia da alma que sofre 
Sem ter a esperança nos olhos 
Já cansados de ver tantas misérias a sua volta. 
Nem mesmo o canto das aves noturnas
Que se misturam aos uivos dos lobos na noite escura 
Pode ofuscar as rugas de dias tão ruins 
Na vida deste sofredor desesperado. 
Garras do inferno estão impregnados em sua pele 
E correntes pesadas e frias apertam seus ossos 
Arrancam sua pele como batatas em água fervente 
E suas lágrimas misturam as águas da chuva ácida. 
Desespero de uma vida perdida 
No labirinto cruel da existência 
Onde os caminhos são tenebrosos e sem sentidos 
Para os passos trôpegos de um andarilho. 
O demônio sai à meia-noite 
E estraçalha os seus sonhos mais profundos 
Tirando-lhe o sono que poderia lhe acalmar 
E dar descanso as pálpebras feridas. 
Os olhos vermelhos mostram o sofrimento 
De noites mal dormidas 
Tormentos cruéis de insônia 
Que lhe estraçalha o coração já em pedaços. 
O que fazer contra todos os males que assolam sua alma? 
Como curar dessa dor terrível que sufoca-lhe o coração? 
Livrar-se-á algum dia das garras infernais desses demônios? 
Alguém pode ouvir o seu grito de desespero? 
Deixarei que possa abrir os olhos para ver 
Além do horizonte perdido a esperança 
De um amanhã que desponta com a luz da aurora 
Espantando toda a escuridão dessa alma 
E os demônios que a atormentava. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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