terça-feira, 29 de junho de 2021

O berço dos super-humanos

Um falcão deixa o voo rasante tocar o oceano 
Enquanto adolescentes fumam maconha na esquina 
Meninas dançam funk nas periferias 
Um criminoso é cercado pela polícia 
E corpos estão estendidos pelo chão 
Em poças de sangue e suor dos trabalhadores. 
 
Tudo está escuro na penumbra da sociedade 
Em ruas lotadas de pessoas que transitam 
Tentando esconder suas frustrações. 
 
Há gritos na vielas e lixo caído das latas 
Cães brigando por um pedaço de linguiça podre 
E olhos furtivos escondidos nos escombros 
De uma cidade envolta pelo caos 
Sem esperança de dias melhores para as crianças 
Que colocam fogo nas folhas 
E a fumaça negra sob até o céu 
Agora tão cinzento como nunca antes. 
 
O berço dos super-humanos é feito de madeira 
E o fogo se alastra até ele 
Enquanto uma tartaruga chega a praia morta 
Com um plástico que a impediu de respirar 
Do outro lado do hospital há corpos 
E no lixão também 
Crianças transitam desesperados e desprotegidos 
Do frio que assola na madrugada. 
 
De longe ainda pode-se ouvir vozes silenciadas 
Pela tragédia humana do planeta 
Que um dia parecia ser tão lindo 
E agora nem as folhas são mais verdes! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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