segunda-feira, 23 de maio de 2022

Altas horas

Deita na cama e espera pelo próximo dia 
Até sabe que não dormirá antes que passem milhares de pensamentos 
O sol entorpecido do dia na cabeça 
Faz com que tudo pareça tão cinza como dias nublados 
Conta as horas e os minutos 
Enquanto revoluções explodem na cabeça 
Um grito ecoa na mente 
Parabólica instalada na mente 
Espinhos na coroa que perfura o crânio 
Ou apenas um micro chip de informações falsas 
Porque sabe que não tem coroa nenhuma ali 
Então ajeita o travesseiro 
Como se fosse conseguir dormir. 
 
Tudo bem, você até que quase conseguiu me convencer 
Que não é um estranho 
E, por incrível que possa parecer, 
Eu também não sou um estranho 
Ou sou? 
 Agora fiquei mais confuso ainda. 
 
Tá entendendo o que eu digo? 
Eu acho que morri e renasci durante o inverno 
Como uma fênix que brota do lodo pantaneiro 
Estou com os olhos mais abertos do que antes 
E mesmo assim não consigo enxergar nada mais do que ruínas 
Propagandas e propagandas na TV 
A propaganda é a alma do negócio, 
Diz uma propaganda capitalista 
Despejam demagogias formatadas em grandes slogans 
Porque, no fundo, todos os hinos são slogans 
Que perfuram a mente já doente pelas redes sociais.
 
A violência nem precisa ser mais dublada 
Tudo é fabricado e segue os padrões internacionais 
Apenas um discurso 
As promessas que sempre fazemos a nós mesmos 
E nunca temos coragem em cumpri-las 
Porque a vida segue o eterno círculo infinito 
Quem se importa com um homem triste? 
Ou com as máculas de mentes juvenis? 
 
Lá no fundo do abismo eles gritam: 
Pule! Pule! 
Estamos ansiosos para recebê-lo aqui também 
O calor do verão me sufoca 
Os olhos já começam a se fechar 
Altas horas e agora o sono chegou 
Deixarei de pensar e estarei aberto aos pesadelos 
Tento falar com Deus, 
Mas as horas de visitas já se foram 
E devo acordar as cinco da manhã! 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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