sábado, 28 de maio de 2022

Uma grande serpente segue engolindo o horizonte

Aqui neste silêncio do amanhecer 
Palavras escritas fluem pelas veias 
Como essência de vida que incomodam 
Mentes medíocres que insistem em permanecer à minha volta 
Quando desejo libertar-me de toda essa angústia 
Que corrói o intelecto. 
 
Escrevo porque preciso ver o desmascaramento da pólis
Revelar o mais sórdido conselho 
Realizado às espreitas nos grandes salões 
Com as figuras mais emblemáticas 
Que acreditam piamente serem donos de tudo isso. 
 
O entorpecimento enfumaçado da poluição da cidade 
Deturpam os mais sensíveis olhares 
Que realmente poderiam enxergar os acontecimentos 
E são impedidos pela fúria incontrolável 
Dos trogloditas de plantão abraçados a sua inércia corriqueira 
Impedindo quem quer que seja que deseja alcançar o sucesso. 
 
Uma grande serpente 
Segue engolindo o horizonte diante de nossos olhos 
Destruindo os sonhos até então possíveis de realização 
Mas que são varridos para baixo dos tapetes 
Escondidos a meia boca pelos salafrários 
Que só desejam a destruição da moral. 
 
Fantasmas pelos becos sórdidos da metrópole 
Espreitam as pobres vítimas indefesas 
Que buscam auxílio pelas madrugadas 
Esperando que coisas boas possam acontecer 
E sabemos que nada pode mudar esse caos fantasmagórico. 
 
Procuro a fé dentro das extinções das crenças 
Para que veja esperança na humanidade que ai caminha 
E não se pode encontrar nada disso em seus passos 
Que são trôpegos como dos ébrios que cambaleiam nas calçadas 
Dando a impressão de que o mundo está pendido 
Ora para um lado, ora para outro. 
 
Quando sozinho posso encontrar-me a mim mesmo 
E pensar que tudo isso não passa de uma agonia inválida 
Que só eu mesmo posso sentir e nada fazer a respeito 
Porque está dentro de mim e a maioria das pessoas 
Seguem suas vidas normais nesse mundo perfeito para elas. 
 
E estas são palavras testamentárias na boca de um solitário 
Palavras que transcrevo no silêncio do amanhecer 
Registro de uma inquietação que perturba minha mente 
Por achar que poderia ser diferente as ações humanas 
Quando se olha para a nossa existência. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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