terça-feira, 24 de maio de 2022

Contemplem atentamente o caos

Contemplem atentamente o caos 
Fumaças e gritarias 
Estilhaços pelas ruas 
Choro de crianças amedrontadas 
E mulheres correndo de um lado para outro 
Com suas pernas a mostra 
Sangue escorrendo das feridas 
E gargalhadas de alguns debochados 
Que não estão nem ai para o pavor. 
 
Calem-se! Calem-se! 
Gritam uns aos outros 
Puxam pelos cabelos 
Arrastam pelo chão as indignas da sociedade 
Cavalos trotam imponentes 
E os corvos voam rente ao chão 
Querem encontrar restos de carne 
Que os cães abandonaram na sua fuga. 
 
 Parem com isso! 
Alguém parece gritar em meio aos escombros 
Um fedor sobe até às narinas 
Embrulha o estômago 
E alguns vomitam pelo chão 
Enquanto gatos vasculham às latas de lixo
Disputando restos das latas de sardinhas.
 
Contemplem atentamente o caos 
Permaneçam imóveis como sempre fizeram 
E deixem os pobres miseráveis 
Que se destruam na busca pelos restos de comida 
Se não contribuem para a sociedade 
Que se tornem os lixos de sempre 
Enquanto os patrícios continuam sorrindo 
Nos seus altos pedestais 
Arrancando o couro dos subjugados! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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