quarta-feira, 18 de maio de 2022

De mãos dadas com a Morte

O sonho de ontem já não existe mais 
Desfeito ele foi pelo tempo 
O tempo que não está sozinho 
Que não para nem por um minuto 
Que anda de mãos dada com a Morte 
Sorrindo à espreita por onde ando. 
 
Alguém pergunta a minha idade 
O ano em que nasci 
Como se isso fosse assim tão importante 
E eu nem me lembro 
Da metade das coisas que aconteceram ontem 
Porque a minha memória 
Já não consegue armazenar tantas coisas assim. 
 
Encosto minha cabeça no travesseiro 
Tenho vontade ficar deitado por muito tempo 
E o tempo me escorre pelos dedos 
Enquanto uma voz ecoa dentro de mim 
Dizendo que não tenho tempo para ficar deitado 
O trabalho me aguarda 
Os problemas precisam ser resolvidos 
E eu tenho mais uma vez que levantar-me e agir. 
 
Quem sou eu para questionar tudo isso 
Olhar as misérias da humanidade 
E clamar contra tudo o que acontece? 
Quem pode fazer alguma coisa 
E a pergunta melhor seria o contrário 
Quem quer fazer alguma coisa que não seja passar o tempo?
 
Olhe para as paisagens 
Notou como elas mudaram de ontem para hoje? 
Com certeza não 
Quem observa as mínimas coisas 
Que acontecem cotidianamente ao nosso redor? 
 
E ele continua impassível 
Com seu olhar altivo, senhor de si, ele sorri 
O tempo que tudo revela e nada esclarece 
Está de mãos dadas com a Morte 
E ela sabe exatamente a hora que chegou o fim do tempo 
E sabe também que nada pode ser feito para mudar isso. 
 
Viro para o lado e tento dormir 
O meu tempo de divagações acabou 
Se quiser me levar fique a vontade 
Não tenho nenhum tempo a perder. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário