sábado, 7 de maio de 2022

Fantasmas de um tempo passado

O que vejo perturba minha mente 
Já um tanto confusa 
Com o que não sei entender;
O que não vejo perturba-me bem mais 
E tira-me o sono 
A paz que um dia tanto desejei 
E só tive quando ainda era criança. 
 
Porque o mundo tem que ser assim 
Assustador o tempo todo? 
Porque ouço o choro das crianças 
E as vejo correr pelas ruas? 
Ninguém nota uma vida desgraçada 
Nem mesmo nas vitrines dos shoppings 
A maioria segue suas vidas medíocres 
Como se nada estivesse acontecendo.
 
Fecho os olhos e vejo os fantasmas 
Fantasmas de um tempo passado 
Casas sendo derrubadas 
Pobres sendo jogados para longe 
Porque os ricos precisam de espaço. 
 
Tudo é tão sombrio por aqui 
E nem mesmo as borboletas as vejo mais 
Porque não existe nenhum jardim 
Depois que foram destruídos pelas bombas 
Dejetos a céu aberto 
Na cidade que se diz a Princesinha. 
 
Um jovem senta solitário no banco da praça 
E nota o tempo passar silenciosamente 
Como os transeuntes apressados na calçada 
E nada parece não fazer sentido nenhum. 
 
Fantasmas podem ser vistos no alto da torre da Igreja 
No Anjo da Ventura 
Nas câmeras indiscretas 
Nas fachadas das casas comerciais 
Fantasmas de tempo passado 
De quando o mundo parecia ser um lugar legal 
Onde existia espaço para todos 
Que quisessem sonhar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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