sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Entre o querer e o fugir

O desejo, em sombras, se estende 
Como brasa acesa que arde e consome, 
Mas logo se esconde em um mar de tédio, 
Um abismo entre o querer e o fugir. 
 
É querer tocar, e então, recuar, 
Como ondas que beijam e deixam a areia, 
Num vai e vem que nunca termina, 
Um ciclo de ânsia e melancolia. 
 
Aceitar o que se nega ao coração, 
E negar o que o peito insiste em chamar, 
É ser preso no meio do vento, 
Soprando em direções opostas, sem lar. 
 
E nessa dança de desejos inquietos, 
Abraço o vazio, mas nunca estou só; 
Pois no tédio encontro a paz que assusta, 
E no querer, o caos que me atrai e sufoca. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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