sábado, 19 de outubro de 2024

O peso imenso das ilusões

Se um tolo sobe a montanha 
Nem mesmo os animais irá ouvi-lo 
O sábio descansa em sua humildade 
Aguardando a sua vez de expressar 
A sabedoria é um bálsamo para a alma 
Quando se saber ouvir atentamente. 

Existe uma violência em estar perdido 
Quando se caminha pelos campos da ilusão 
Nem mesmo as longas conversas fiadas 
São capazes de amenizar o sofrimento 
E, mesmo os dias sendo preenchidos de incompreensão, 
Essa violência acaba sendo ignorada. 

Todos aqueles de palavras erradas 
Querem ser ouvidos como estando certos 
São seres de olhares velhacos 
Que tentam de toda sorte se darem bem 
Aproveitando das distâncias existentes 
Entre os pais e filhos, mestres e discípulos. 

 Alguns ainda estão acorrentados na caverna 
Iluminados pela escuridão da ignorância 
Preferem o comodismo, a zona de conforto, 
O caminho mais fácil de uma vida miserável 
Porque essa escolha os afasta da árdua batalha 
Em busca de uma aventura superior. 

Quando encontrei o livro sagrado pelo caminho 
Fiz-me a pergunta crucial da existência 
Ouvi as vozes milenares de sábios e tolos 
Burburinhos e cochichos não inteligíveis 
Daqueles vultos que viviam nas sombras 
Que nunca puderam responder tais perguntas. 

E assim, na solidão de um deserto escaldante, 
O poeta precisou carregar nas costas 
O peso imenso das ilusões perdidas no tempo 
As inúmeras indagações de cabeças ocas 
E as lamúrias de tolos incomodados com o saber 
Porque os olhos estão fechados para o mundo. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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