quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Discurso ao penhasco

Amo que tu não fales, ó penhasco, 
Que teu silêncio é vasto, tão profundo, 
Como quem guarda em si todo o mundo, 
Sem dar ao som a chance de ser fiasco. 

Tua mudez tem força de um carrasco, 
Que ceifa o ruído vão e moribundo; 
E ao vento que te toca, vagabundo, 
Só dás o eco, breve e mais opaco. 

No teu calar repousa a eternidade, 
Pois nele o tempo ousa se esconder, 
Sem pressa de avançar na realidade. 

E assim me ponho a ti, a agradecer: 
Que nunca hajas palavra ou vaidade, 
Pois teu silêncio basta para ser. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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