sábado, 13 de agosto de 2022

Um casamento entre o céu e o inferno

Pessoas correm desenfreadamente pelas vielas 
Parecem perseguidas pelos vermes do submundo 
Substâncias entorpecentes proibidas são distribuídas 
Por psicopatas que não estão nas prisões 
Enquanto mães varrem a sujeira para debaixo dos tapetes 
Sem mesmo se importarem com os choros das crianças 
Que estão nas gaiolas de algum porão. 
 
Os caminhos da mente são feitos de caos 
E os pseudo-heróis mostram-se imperfeitos demais 
Não conseguem nem mesmo permanecerem de pé 
Quando são surrupiados pelos ventos quentes do verão 
Mesmo sabendo que os confrontos são inevitáveis 
Permanecem incólumes em seus casulos 
Enquanto alguns são destruídos sem piedade. 
 
Acredita seriamente que só os jovens 
Podem conseguir alguma coisa nesse mundo? 
Tolos hipócritas que bradam os templos 
Como se não fossem donos de um mundo caótico 
Onde quase ninguém consegue escapar dos tentáculos 
Corrosivos e pegajosos de um monstro invisível 
Onde criatura e criador se encontram perdidos. 
 
Consegue ouvir o estrondoso grito dos deuses? 
Eles se debatem e se contorcem cada vez mais furiosos 
Quando descobrem que os homens são feitos de palavras 
Que tem sua alma aprisionada nas ideologias 
E no fedor de esgotos grotescos das grandes metrópoles 
Cercados de olhares que enxergam mentiras o tempo todo 
Aprisionados sem esperança pelo destino. 
 
Houve um casamento entre o céu e o inferno 
Quando o inconformismo tomou conta das ruas 
Onde homens corriam como bestas desenfreadas 
Por não darem ouvidos aos poetas e videntes 
Próximos da insanidade exuberantes de verdades 
Porque acreditavam que fossem profecias intangíveis 
Que testemunhavam contra a natureza humana. 
 
Tudo chega ao fim mais cedo ou mais tarde 
E não se pode fazer muita coisa a respeito 
As pessoas não passam de receptáculos de remorsos 
Sombras aprisionadas nas grotescas cavernas da ignorância 
Porque o inconformismo toma conta de tudo 
E o que se pode ver são espetáculos fúnebres 
Que não temos mais tempo para falar, apenas observar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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