Pessoas correm desenfreadamente pelas vielas
Parecem perseguidas pelos vermes do submundo
Substâncias entorpecentes proibidas são distribuídas
Por psicopatas que não estão nas prisões
Enquanto mães varrem a sujeira para debaixo dos tapetes
Sem mesmo se importarem com os choros das crianças
Que estão nas gaiolas de algum porão.
Os caminhos da mente são feitos de caos
E os pseudo-heróis mostram-se imperfeitos demais
Não conseguem nem mesmo permanecerem de pé
Quando são surrupiados pelos ventos quentes do verão
Mesmo sabendo que os confrontos são inevitáveis
Permanecem incólumes em seus casulos
Enquanto alguns são destruídos sem piedade.
Acredita seriamente que só os jovens
Podem conseguir alguma coisa nesse mundo?
Tolos hipócritas que bradam os templos
Como se não fossem donos de um mundo caótico
Onde quase ninguém consegue escapar dos tentáculos
Corrosivos e pegajosos de um monstro invisível
Onde criatura e criador se encontram perdidos.
Consegue ouvir o estrondoso grito dos deuses?
Eles se debatem e se contorcem cada vez mais furiosos
Quando descobrem que os homens são feitos de palavras
Que tem sua alma aprisionada nas ideologias
E no fedor de esgotos grotescos das grandes metrópoles
Cercados de olhares que enxergam mentiras o tempo todo
Aprisionados sem esperança pelo destino.
Houve um casamento entre o céu e o inferno
Quando o inconformismo tomou conta das ruas
Onde homens corriam como bestas desenfreadas
Por não darem ouvidos aos poetas e videntes
Próximos da insanidade exuberantes de verdades
Porque acreditavam que fossem profecias intangíveis
Que testemunhavam contra a natureza humana.
Tudo chega ao fim mais cedo ou mais tarde
E não se pode fazer muita coisa a respeito
As pessoas não passam de receptáculos de remorsos
Sombras aprisionadas nas grotescas cavernas da ignorância
Porque o inconformismo toma conta de tudo
E o que se pode ver são espetáculos fúnebres
Que não temos mais tempo para falar, apenas observar.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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