terça-feira, 17 de junho de 2025

É o coração quem paga

No contrato invisível da vida, 
O coração assina sem ler as cláusulas. 
Ama por inteiro, 
Mora onde é mal recebido, 
Paga aluguel em lágrimas, 
E ainda deixa flores na porta de quem parte. 
 
Às vezes é mais cômodo ficar, 
Mais fácil ceder, 
Mais seguro calar. 
Mas o amor… 
O amor nunca faz as contas. 
É o coração quem paga, 
Com juros de saudade 
E multas de silêncio. 
 
Escolher a conveniência 
É dormir num quarto sem janelas, 
Com vista apenas para o que não sentimos. 
Mas o coração… 
Teimoso inquilino, 
Insiste em abrir frestas, 
E deixa o vento entrar 
Mesmo quando o aluguel é cobrado em dor. 
 
Há quem diga que amar é um luxo, 
Outros, que é necessidade básica. 
Mas, entre um e outro, 
Fica a certeza amarga: 
O coração nunca é isento 
De impostos emocionais. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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