segunda-feira, 9 de junho de 2025

É preciso andar devagar em Cáceres

Cáceres desperta devagar, 
Como quem sonha ainda de olhos abertos. 
Suas ruas são murmúrios do tempo, 
E o rio Paraguai — espelho antigo, 
Carrega segredos em suas águas largas. 
 
Na beira do majestoso Rio Paraguai, 
A cidade respira um calor de infância, 
Com alguns quintais, ainda, 
Cheios de cajus e silêncios, 
Onde o vento conta histórias 
De barcos, de santos e de assombrações. 
 
Cáceres tem um jeito de olhar para gente 
Como quem já sabe o que escondemos. 
Entre igrejas de pedra e árvores centenárias, 
Ela escuta — paciente, 
O que nem dizemos em voz alta. 
 
Ali, o pôr do sol é uma cerimônia. 
Pintura viva sobre águas calmas, 
Onde garças pousam como se fossem canções. 
A cidade toda vira oração, 
Feito um salmo entoado em silêncio. 
 
É preciso andar devagar em Cáceres, 
Pois o tempo se dobra em suas esquinas. 
E quem corre, perde a chance 
De ouvir o canto dos tuiuius, 
O deslizar suave dos jacarés 
Ou ver o rio sorrindo à lua. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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