quinta-feira, 19 de junho de 2025

Onde mora a verdade

 A verdade nunca se oferece de mãos limpas. 
Ela vem coberta de espinhos, 
De dúvidas, de espelhos partidos. 
Onde quer que ela habite, 
É preciso atravessar a pele do medo 
E tocar com os próprios dedos o que queima. 
 
A verdade mora nos cantos escuros da alma, 
Nos silêncios que evitamos, 
Nas perguntas que fingimos não ouvir. 
Para alcançá-la, 
É preciso despir-se das certezas, 
Abrir as mãos, 
E aceitar o peso e a beleza do que ela revela. 
 
Onde quer que se esconda a verdade, 
Ela lateja como uma ferida oculta. 
Quem a toca, sangra. 
Quem a ignora, adoece por dentro. 
A coragem é a chave 
Que gira na porta de todas as revelações. 
 
A verdade não é flor de jardim. 
É planta que cresce entre pedras, 
Sob o calor das escolhas difíceis. 
Para tocá-la, é preciso calos na alma 
E uma fé teimosa de que o real, 
Por mais duro que seja, 
Ainda vale mais que qualquer ilusão. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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