sábado, 31 de outubro de 2020

Não te conheço e te procuro

 
Eu só vi a luz quando escrevia 
E mergulhei muitas vezes nas águas, 
Nas velhas águas 
Que nunca são as mesmas. 
Este poderia ser um poema 
Sobre um homem que ficou a esperar... 
 
Quem é que é assim tão desprezível 
A ponto de não chorar na solidão? 
Será que fomos educados com os animais ferozes? 
Na última carta 
Esqueci-me de mencionar tudo isso. 
Como todos os olhos veem a criatura 
Armadilhas 
Como saber se não vermos a face do animal? 
 
Cale-se e ouça-me: 
Não te conheço e te procuro. 
Perde-se a criança no silêncio 
E os amantes 
Sofreram deformações horríveis. 
 
Disseram que tudo isso era apenas 
Uma velha maldição dos poetas 
E nem os feiticeiros acreditaram... 
 
Foi visto lágrimas 
E línguas cheias de melancolias 
Proferindo palavras que não podem 
Ser celebradas em um poema. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário