sexta-feira, 2 de julho de 2021

Ruas, marmitas e jacarés

Eu caminhava sozinho pela escuridão das ruas desertas 
Cercadas de matos e vultos da minha imaginação 
Quando poderia ser apenas um saco plástico levado 
Pelo vento frio da madrugada. 
Eu tinha que caminhar 
Precisa trabalhar para ajudar em casa 
E agora já era um homem. 
Com minha marmita de almoço via o sol sair no horizonte 
Enquanto caminhava rumo a cooperativa de jacarés 
Coocrijapan para ser mais exato. 
Na minha trajetória daqueles anos 90
Podia sonhar com dias melhores 
Que pudesse me aliviar do sofrimento 
Das mordidas de jacarés e do mal cheiro 
Que impregnava nas minhas narinas 
E demorava dias para sair do corpo. 
É sofrida a vida de uma pessoa no seu amadurecimento 
E lembrar desses momentos é poder viver outra vez 
Admirar a sorte de vencer na vida 
Mesmo em meios as dificuldades. 
Um jovem sonhador caminha apressado para o seu serviço 
Limpar tanques de jacarés 
Para ter o seu salário e poder ajudar a família 
Melhor isso do que ser mais um vagabundo nas ruas. 
A vida nos dá oportunidades para vencer 
Mostra-nos possibilidades 
E devemos nos agarrar a elas. 
Os tanques de jacarés nem sei se existem mais 
Mas o que aprendi na vida me sustenta até hoje 
E as lembranças desses dias sombrios 
São as alegrias das esperanças futuras. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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