terça-feira, 19 de outubro de 2021

Há um lobo dentro de mim

Sozinho em meio a multidão 
O paradoxo de uma alma angustiada 
Sem saber a razão de sua dor 
Se tudo a sua volta parece estar normal 
Mas, parece não estar. 
 
Um medo que corrói a alma 
Sem ter uma razão aparente para tal medo 
A sombra que lentamente ofusca o sol 
Na existência perturbada da solidão 
Que atormenta o ser humano. 
 
Busco respostas que não existem 
Para as indagações que permeiam os pensamentos 
Nos momentos obscuros da solidão 
Em um canto qualquer pode até apalpá-la 
Como se tivesse existência própria. 
 
O mundo é um caos total 
Cheio de violências e crueldades 
Onde quase ninguém se importa com o outro 
Egoístas que são 
Pensam cada um em si mesmos. 
 
E nem adianta eu reclamar de tudo isso 
Se nem eu mesmo presto atenção 
Na verdade pouco me importo com as dores 
Com as lástimas de mendigos e desafortunados 
Que perambulam pelas terras desoladas da existência. 
 
Há um lobo dentro de mim 
Carnívoro que devora os sentimentos 
Com suas garras afiadas sangram o profundo coração 
Que até deseja ser livre um dia 
Sem saber que tudo não passa de sonhos perdidos. 
 
No vale mais profundo da alma 
Você caminha sozinho 
Vê as sombras se avolumando cada vez mais 
E a escuridão tomando forma assustadoramente 
Quando você só desejava estar em paz. 
 
Paz é para os tolos e as crianças 
Brada uma voz no interior do subconsciente 
Se tudo parece assim tão perdido 
Por que choras às escondidas 
Quando poderia gritar para o mundo inteiro? 
 
Nada é tão simples como parece ser 
Nem tudo funciona como gostaria que fosse 
Não há voz de comando que possa mudar 
A situação medíocre de quem vive na solidão 
Se o mundo é apenas uma caixa escura. 
 
O que faço agora é soltar os demônios 
Que aprisionam os sentimentos 
Brincam de esconde-esconde no secreto 
Quando poderia deixar tudo como era antes 
 Uma vida totalmente sem direção. 
 
O dia hoje está tão cinzento 
Como se tudo tivesse chegado ao fim 
Uma tristeza tão sentida aperta o coração 
Como se fosse uma previsão de alguma calamidade 
Anunciada nos ouvidos da eternidade. 
 
Mas se tudo não passa de uma dolorosa ilusão 
Por que devo me preocupar? 
Apenas sigo meu caminho na esperança 
De que o amanhã ainda existirá 
Quando abrir os meus olhos pela manhã. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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