sábado, 28 de setembro de 2024

A última fronteira do mundo

Eu morri e eu renasci e abri os meus olhos 
Foi bem isso que cheguei a sentir 
O vazio da existência por onde caminhei 
Eu imaginei o mundo deserto um dia 
Sem ninguém para destruir mais nada 
E vi algumas almas perambulando sozinhas 
Almas aladas em um profundo limbo existencial 
Nada mais pode me assustar depois disso. 

Tá entendendo o que eu digo? 
Tenho quase certeza que não 
Porque o lance que você ainda não consegue ver 
É que o ser humano é um predador natural 
O pior de todos, na verdade, 
O que destrói pelo simples prazer de destruir 
Que acha graça na desgraça alheia 
Que sorri nas tragédias dos seus semelhantes. 

Se observar bem vai ver uma coisa estranha 
Boa parte de nós somos costas curvadas 
Alguns com colunas envergadas, mutiladas pelo labor 
Não sabem aproveitar o tempo livre 
Porque só desejam alcançar lugares inalcançáveis 
Pelo fato de não ser possível para quem quer que seja 
Deixar de ter suas costas encurvadas 
Sem que quebre alguns ossos importantes. 

Há um mundo estranho por onde caminhamos 
Um assombroso lugar cheio de terrores 
Por onde perambulam pessoas ainda mais estranhas 
Que ninguém sabe do que são capazes 
Porque parecem mais com os parasitas que desconhecemos 
E que nos assustam com suas feições paranoicas 
Por mais que desejamos sair ilesos desse caminho 
É preciso romper a última fronteira do mundo. 

Eu, às vezes, paro e conto as horas 
Ignoro totalmente os minutos e segundos 
Quero um tempo para tomar um café e respirar um pouco 
Porque a roda do mundo não para de girar 
E não vou dar conta de resolver todos os problemas 
A angústia e o medo me perseguem 
Mas não posso deixar que coloquem suas garras em mim 
A vida é bem mais do que viver com medo 
E estar angustiado não faz parte dos meus planos. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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