sábado, 7 de setembro de 2024

Brasa

Eu mergulhei nesse rio uma vez; 
e saí em outro, num bioma pintado de verde. 
Lá, há rios que voam e botos que falam 
ninguém nunca me viu aqui nessas neblinas úmidas; 
esse segredo está em mim, as mangas e os mangues. 

Me deixe gritar mais alto, antes que eu aprenda a civilização. 
Alguns têm Tupã para crer, 
outros têm Deus de outros nomes, 
já eu, tenho a mim. 
Não, eu não quero me transportar no passado e viver a dor do processo. 
Talvez, revisitar os olhares, não pelo dominador e sim pelo dominado. 
Não decidi me incluir na narrativa, 
entretanto, se a Pátria é a regra, nada vai ser a exceção. 
Nem os idiotas contra a democracia, 
nem os inocentes sem consciência. 

Se entre outras mil, és tu Brasil 
Há o trono do gentil, corrompido e tão sútil. 
Ordem e progresso, alguém vil?

Verde era a cor da Mata Atlântica quando cruzei o mar
Amarelo era o ouro envenenado
enterrado sem mapas no chão.
Azul era a cor do céu, de 26 estrelas. 

E então, toda minha vida de todas as vidas 
se passaram pelos meus olhos, 
eu de Carmem, eu de Machado, 
eu de Lispector, eu de Lobato, 
eu de Vargas, Belchior e Veloso. 
Eu de Dumont e algum ditador raivoso. 

Eu sou Pátria, Tu és Pátria. 
Brasileiros, arcabouço nacional. 
Brasil, a terra mais linda, num universo sem final. 

Corra! Antes da destruição facilitada pelos tolos. 
Assista! O fósforo queimar e se avermelhar 
Vermelho é a cor dos povos vítimas da aculturação. 
Vermelho é a cor do fogo fortificado pelo ódio que queima o Cerrado. 
Vermelho é a cor do sangue da nação. 
Aliás, alguém cura a nação? 
O sentimento de pertencer e perdão? 
Eu preciso ser curado? 

Traga-me o elixir, o remédio dos hipócritas, 
abusadores da terra-mãe. 
Pátria, erguida por batalhas, devem ser honradas. 
Honra, erguida pelo povo, deve ser preservada. 

Me deixe em casa, onde eu possa dormir. 
Sem os monstros, sem os externos. 

Onde o Brasil é a brasa que queima o caos. 
Onde o Brasão brilha com energia infinita. 
Onde o Bravo descansa. 

Quero a política, mas sem a politicagem. 
Sem a estiagem de identidade, 
sem a senha da elite, 
sem a diferença da raça, 
sem o pesar do ser e estar 
Quero a língua e a linguagem. 

Mil formas de morrer e uma de nascer, 
e eu ainda vou escolher aqui. 
Nessa longitude, nessa latitude. 

Vigiado pelo Saci, a Caipora, o Curupira 
O boitatá e o boto-cor-rosa. 

Aqui, o complexo brasileiro; 
Na qual não vou fugir da luta sobre a lua; 
numa terra luminosa e cintilante; 
independente e idolatrada; 
a "Pátria Amada Brasil". 

 Poema: Murilo Almeida
Aluno do 3º Ano da Escola CEAF em Cáceres, MT

Um comentário:

  1. Ele é simplesmente indomável nos pensamentos e nas expressões, ele é tão jovem porém já viveu em sonhos muitas histórias reais, esse é meu admirável filho Murilo.

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