quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Ele que o abismo viu

 Ele, o andarilho dos mundos esquecidos, 
Por onde a luz se curva e se perde, 
Caminhou sem medo entre sombras e mitos, 
Onde a alma é vento que desce e arde. 
 
Os olhos rasgaram o véu do destino, 
E o abismo, em seu vasto segredo, surgiu, 
Fez-se espelho de um caos cristalino, 
Que só Ele, o ousado, sentiu. 
 
O abismo não é vazio nem trevas, 
Mas um eco de sonhos antigos, 
Onde estrelas sussurram suas febres 
E o tempo desata os seus fios. 
 
Ele viu o que não se pode dizer, 
A verdade sem forma, sem rosto, 
E ao voltar, traz consigo o poder 
De ser sombra, silêncio, e sopro. 
 
Nas profundezas, Ele entendeu 
Que o fim não é sempre desfecho, 
Pois o abismo, por quem se perdeu, 
É o início do mais vasto enredo. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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