quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

A incapacidade monstruosa de se levar algo assim tão a sério

Palavras que se perdem ao vento 
Em noites sombrias e dias tenebrosos 
Ameaças de monstros noturnos que aparecem nos sonhos 
E gárgulas que espreitam silenciosamente do alto das catedrais 
Observam os passos trôpegos de ébrios perdidos pelas ruas 
E nada há que se possa fazer. 
 
O que se pode dizer de tamanha insensatez 
Nos olhos pequenos de crianças indefesas em meio ao tiroteio 
Na madrugada fria de uma noite perdida qualquer 
Que não se pode fazer muita coisa 
Nem mesmo fechar os olhos por causa das barbáries 
Que vejo mesmo estando de olhos abertos. 
 
Nem adianta pedir para que me cale diante de tudo isso 
Não posso fazer o que deseja sem prejudicar os indefesos 
Nem mesmo os ratos dos esgotos estão a salvos de tamanha destruição 
Que pode se ver nas noites escuras da cidade.
 
Eu ando tão devagar que parece não sair do lugar 
Onde o sangue mancha as pedras que cobrem o chão 
Em vielas abandonadas pelas pessoas e animais peçonhentos 
Sanguessugas de uma geração hipócrita e pérfida 
Como os dejetos de um banheiro público. 
 
Por mais que tento bradar contra o sistema 
Existe uma incapacidade monstruosa de se levar algo assim tão a sério 
Que os gritos não se ouvem em ouvidos corrompidos 
E os gestos não podem ser vistos por olhos perfurados de egoísmo 
Dessa geração que roubam os sonhos e destroem as esperanças. 
 
Parece ser o fim de tudo que um dia foi belo 
E nada pode ser feito para mudar a situação avassaladora deste mundo 
Nem mesmo os sorrisos são confiáveis 
E é preciso esconder o rosto de tantos olhares invejosos 
Que espreitam o nosso caminhar sincero. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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