quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Protestos de um morador de rua eloquente

Você quer tapar os ouvidos para não ouvir os meus brados 
Não sou como você pensa 
Não pode considerar o meu estado como deplorável 
Você não sabe porque estou aqui 
Você não conhece minha vida. 
Eu ouço o barulho das ruas! 
Eu vejo as misérias nas calçadas 
Eu sinto o odor dos becos. 
Não sabes tu o que a vida lhe reserva 
Não conheces o dia futuro 
Nem tens a revelação do que te poderás acontecer. 
Empinas o nariz e te achas o tal 
Que menospreza o teu próximo. 
Dizes-te cristão mas não repartes o teu pão 
E passas de largo 
Não queres enxergar as misérias das ruas. 
Olhas para mim com olhar de desprezo 
Como se não existisse em mim uma alma. 
Sabes a cor do sangue que corres em minhas veias? 
Será diferente do teu? 
Ouça-me! 
Atentes-te ao meu brado 
Ouça o meu protesto. 
Estou na rua por causa das injustiças 
Da corrupção, da ganância 
De governos inescrupulosos. 
Estou na rua. 
Mas, não sou menor do que qualquer outro ser humano. 
Apenas estou na rua. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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