segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Você pode andar livremente entre as flores

Não cabe a mim julgar o que passa em seu coração 
Eu nunca saberia mesmo 
Nem mesmo a dor que sinto em mim eu poderia definir 
Apenas os deuses teria tal poder 
Nas noites de estrelas envoltas pelas nuvens. 
 
Vivo em prisões desde então 
Em correntes fortificadas pelas lágrimas dos inocentes que morreram 
Na caminhada silenciosa do infinito. 
 
Você pode andar livremente entre as flores 
Pode ver as borboletas que voam pelo jardim 
E sentir o aroma das rosas 
Mesmo assim não poderá ver a solidez do coração distante de ti 
Do coração que foi dilacerado pela soberba 
Pela altivez de uma alma que não conseguiu resistir ao sentimento 
E se foi pelo caminho da escuridão. 
 
Sorrisos dissolutos podem ser vistos ao longe 
Nos passos lentos de um peregrino sem direção 
De alguém que buscava apenas um lugar para descansar 
E esquecer as noites perturbadoras que estivera preso 
Sem poder fechar os olhos nem por um minuto. 
 
Mefisto furou-lhe os olhos com longas agulhas 
E sussurrava terrores em seus ouvidos quando queria dormir 
Os pesadelos não cessaram nem mesmo ao meio dia 
Quando o sol crepitava a pino na abóbada celeste 
E dançava alegremente a dança macabra da solidão. 
 
A donzela tentou arrastar-se velozmente entre os arbustos 
Na tentativa vã de esconder-se dos roubadores de almas 
E guardar a sua inocência para dias futuros que havia sonhado 
Mas que não poderia vivê-los 
Sem ouvir os gritos de desesperos dos pequenos insetos 
E dos grandes animais na floresta. 
 
Não poderia me libertar das correntes e dos desejos sombrios 
Que circundavam os meus pensamentos 
E você podia andar livremente entre as flores 
Ouvindo os cânticos das crianças fazendo roda 
E soltando pipas sem parar de olhar para o azul-celeste. 
 
Esconda-me o seu sorriso e siga sua jornada 
Nada mais importa agora 
Que você pode andar livremente entre as flores. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Um comentário:

  1. Lindos os seus poemas. Fazem-nos ter mais reflexões sobre a vida e amores vividos e a Sr viver

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