domingo, 2 de outubro de 2022

Praga daninha

Sentinelas de um tempo indescritível 
Sombras no amanhecer 
Dias nublados quase infinitos 
Dúvidas que pairam sobre as cidades 
Arranha-céus que cambaleiam na imensidão. 

Não se fala em dias tenebrosos 
Se vivem na escuridão de noites trágicas 
Nos bares lotados nas madrugadas 
Não se percebem o gosto amargo da desilusão 
Porque o vinho dispersa os sentidos. 

Nas favelas os bailes funks 
Nos centros o sertanejo universitário 
Nos viadutos o silêncio do frio 
O crepitar das folhas de jornais queimando 
Ou apenas mais uma lata de lixo sendo revirada. 

O que pode fazer sentido neste mundo 
Quando os olhos estão fechados para a realidade? 
Quando acreditam que tudo está bom 
Que nunca houve tempo tão promissor 
Como o que estamos vivendo na modernidade. 

Cale essa boca maldita! - Exclama alguém 
Se não consegue ver as coisas boas da vida! 
Não se pode calar a voz para as injustiças 
Não se pode fechar os olhos para as desigualdades 
Porque então se poderia calar a voz da revolta? 

Pode continuar sua jornada se isso não te afeta 
Pode seguir o seu caminho e ignorar 
Só não diga que tudo está bom 
Quando milhares de pessoas não tem o que comer 
E suas barrigas roncam tão alto quanto os tiros de canhões. 

O mundo tornou-se um ambiente hostil 
O ser humano é uma praga daninha 
Que desmata sem escrúpulos e arranca do solo a esperança 
Que queima até a última árvore 
Sem pensar nas gerações que poderiam existir depois. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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