sábado, 22 de outubro de 2022

O buraco que dá no fundo do abismo

Tudo está seguro ou nada se conforma? 
Onde estamos colocando os nossos pés 
É seguro para os colocarmos?
 
A fé dentro da extinção de todas as crenças 
A ascensão dos mandatários engravatados 
A imagem e a sua semelhança são a mesma coisa 
Nós somos o caminho em movimento 
Não há mais como parar o rolo compressor 
Cérebros são esmagados sem piedade 
E ninguém há que ouça os apelos de socorro. 

O buraco é tão fundo 
Que dá no fundo do abismo 
Os lobos fazem a festa 
Dançam nos templos sob luz colorida 
E proferem suas inverdades 
Setas venenosas contra os incautos. 

Palavras testamentárias são proferidas 
Mas ninguém dá ouvidos 
Para o alerta de um atalaia solitário. 

Preferem seguir a multidão 
O tolo do apocalipse 
O salvador do povo abobalhado 
Que destila seus impropérios e é ovacionado 
Porque acariciam os ouvidos de seus seguidores. 

 Não posso mais falar o que penso 
Não posso elevar minha voz 
Perguntas não trazem respostas 
Estão tão cegos que não veem mais nada 
Além do bezerro de ouro com sua faixa verde e amarela 
Tudo é exterminado violentamente 
A porta do céu, para eles, 
É através dos portões do inferno 
Onde Deus morre se não souber dançar. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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