segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Um dia, tão cheio de brisa... Lá na Palestina

A imagem de um bebê queimado é chocante. 
Não há como fechar os olhos para as atrocidades 
Cometidas em nome da fé. 
A Faixa de Gaza é um corredor banhado de sangue inocente 
Enquanto os fanáticos 
Na sua fúria desenfreada só pensam na destruição do inimigo. 
Do lado israelense há menos vítimas 
Até porque aprenderam a se proteger depois do Holocausto 
Mas, não estão isentos dos ataques de fundamentalistas suicidas. 
No ano de 1096 
Em um discurso inflamado e inconsequente 
O Papa Urbano II incitava os cristãos europeus 
A marcharem para a Terra Santa e tomá-la dos muçulmanos. 
No discurso abolia-se o sexto mandamento: não matarás 
Desde que quem morresse fosse infiel ou herege. 
Milhares de pessoas perderam a vida 
Na esperança de encontrar salvação em Jerusalém. 
E o sangue jorrou nas areias escaldantes daquele deserto. 
Quase mil anos depois e os conflitos acontecem 
Em proporções maiores de crueldade. 
Até quando isso vai ser assim? 
O que leva o ser humano a se digladiar o tempo todo? 
Por que uma ideologia religiosa tem que ser superior à outra? 
Para onde caminha a humanidade? 
Um dia, tão cheio de brisa, lá na Palestina 
Jesus caminhou no meio de pessoas oprimidas pelo Império Romano 
E pregou a paz e o amor. 
Ame o próximo como a ti mesmo, dizia Ele. 
E onde está esse amor? 
Um dia, tão cheio de brisa, lá na Palestina 
Jesus olhou para o esplendor de Jerusalém e chorou. 
Sim, Ele chorou. 
Lágrimas saíram dos olhos do Filho de Deus 
Porque Ele contemplava o desespero de uma cidade 
Que virou as costas para Ele e seu amor. 
Quantas vezes eu quis te ajuntar debaixo de minhas asas, 
Assim como a galinha ajunta os seus filhotes 
E você não quis. 
Hoje não há brisa na Palestina 
Apenas nuvens de poeira misturada ao sangue de inocentes. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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