domingo, 5 de novembro de 2023

As esquinas do século vinte e um

Todas as esquinas oferecem um perigo iminente 
Você nunca sabe o que pode encontrar 
Assim que cruzar o limiar do desconhecido 
Suas sombras adormecidas podem ser despertas 
E monstros serem libertos de suas prisões. 

Velhos mortos estão espalhados pelo tempo 
Eu até tenho o meu roteiro preparado 
Mas não posso desenvolver sozinho 
Se nem todo dia posso ouvir uma sintonia 
Nem mesmo uma melodia barata nas vielas. 

Choramos lágrimas de festim para disfarçar 
Transbordamos fantasias para esconder 
Um pequeno circo se forma nas penumbras 
Onde artistas maquiados pedem aplausos 
Quando existe apenas vaidade refletida nos olhos. 

Ninguém se importa com a nossa maturidade 
Quando todos estão envolvidos em seus segredos 
Nada existe debaixo dos seus olhos 
Se máscaras tentam cobrir todas as cicatrizes 
Talvez nunca venhamos a saber a história. 

Onde estão todas as crianças perdidas? 
O perigo do talvez nunca está com os adultos 
Apenas o sorriso de um gato invisível 
Pode entregar as atrocidades que se fazem 
Nos gramados esverdeados e jardins floridos. 

Por que um poeta triste deveria se importar 
Com a mácula de mente juvenis sem direção? 
Por que deveria gritar em seus versos políticos 
Brados de advertências contra esses corruptos 
Lobos vestidos de ovelhas entre nós? 

Todas as esquinas do século vinte e um 
Escancaram o seu trágico recado de alerta 
Em algum canto escuro por ai 
Almas inocentes estão sendo devoradas 
Pelos monstros por trás de figuras públicas. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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