Revirando aos avessos as nossas crenças?
Rituais e dogmas construídos com palavras
Para dominar as mentes mais inocentes
E prendê-las em seus templos opulentos
Para manter a grande cúpula funcionando.
Como poderemos lidar com nossa estranheza
E com nosso desequilíbrio onipresente?
Esse mundo construído por ideias
Algumas tão absurdas que não se pode acreditar
Que ainda ganhem adeptos nos dias atuais
De tão estapafúrdias que são.
Por que todas as esquinas tremem
Em estranhos calafrios sem explicações?
Algumas abarrotadas de pessoas jogadas
Que mais parecem um cemitério ambulante
Em plena agitação urbana cotidiana
O mundo parece uma sangria sem fim.
Como pode os velhos conhecidos
Aparecerem mortos pela manhã?
E pior do que os velhos mortos nas praças
As crianças presas em seus quartos
Assustadas com os monstros a solta que podem
Adentrar suas portas a qualquer momento.
Como explicar a vaidade refletida
Nos olhos inocentes das mulheres?
O sucesso que se torna nocivo nas redes sociais
Vitrine de corpos seminus e sensuais
Que atraem curtidas e likes sem cessar
Enchendo os egos vaidosos de cérebros vazios.
Por que toda existência sufocante
Perde seu sentido quando descobrimos
Que existe um esconderijo de crianças?
Nos desenhos e sonhos dos pequenos
Se contempla uma esperança a tempos perdida
Que pode ser a única salvação visível aos olhos.
De que forma os homens bons
Podem se importar com as mentes corrompidas
De jovens perdidos em seus pesadelos comuns?
A fase mais complicada da vida humana
Nas mãos de quem não sabe cuidar de si mesmo
Pode ser o fim de uma única geração incapaz.
Por que as promessas que fazemos a nós mesmos
Nunca temos coragem suficiente para cumpri-las?
Não conseguimos melhorar os nossos propósitos
E falhamos miseravelmente em fazer as coisas certas
Sem saber que o certo é certo sempre
E o errado sempre vai ser errado também.
Como sobreviver em um mundo onde predomina
Mentiras e sonhos fabricados no horário comercial?
Outdoors e redes sociais com propagandas
Bombardeando mentes com seus visuais sedutores
Parecem dominar o mundo contemporâneo
Deixando dúvidas se alguma coisa ainda pode mudar.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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