sábado, 26 de dezembro de 2020

A rua feita de cabeças

Conta-se uma incrível história 
De tempos imemoriais da cidade 
Onde ruas foram feitas de cabeças. 
Conto-vos, melhor a narrativa 
De uma época tão singular 
Para que ninguém dela se esqueça. 
 
Antes mesmo de haver asfalto 
Quando a poeira era normal 
Nas tardes da seca estação. 
Difícil trafegar nas terras arenosas 
E cascalho também faltava 
Que pudesse cobrir o chão. 
 
Quando chegava a época das chuvas 
Tudo alagava como um pântano 
E tornava-se um grande lamaçal. 
Não havia nenhum calçamento 
Nas ruas estreitas de nossa vila 
A princesinha do nosso Pantanal. 
 
Para preencher os buracos das ruas 
Crânios de bovinos eram improvisados 
Para as poças de águas e lama tapar. 
As cabeças de animais abatidos 
Nas redondezas da cidade para consumo 
Tornava-se o meio seguro para caminhar. 
 
Quem percorre as ruas do espaço central 
E trafeguem sobre os paralelepípedos 
Saiba você e nunca se esqueça. 
Que um dia a nossa cidade bicentenária 
Teve seus logradouros cobertos de crânios 
E a singular rua das cabeças. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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