quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

A travessia

O barco deslizava lentamente 
E descortinava a espessa neblina 
Enquanto tentava organizar minha mente. 
 
Tudo parecia-me muito confuso 
Sem saber muito bem onde estava 
Apenas seguia o caminho que parecia obtuso. 
 
Um personagem silencioso remava 
O barco pelas águas gélidas e obscuras 
Do labirinto em que me encontrava. 
 
Só lembrava-me de chegar à margem 
E ser apanhado pelo navegante desconhecido 
Que me apontou o barco para a viagem. 
 
Horas e horas em meio as águas serenas 
Ladeado por íngremes rochas 
Saber onde estava indo desejava apenas. 
 
Agora chegávamos em águas turvas 
Corredeiras perigosas fazia-me segurar firme 
Para não cair do barco nas curvas. 
 
Ao longe a silhueta de um castelo avistava 
E vi um mistério no olhar do condutor 
Que atormentou tudo que até agora pensava. 
 
Onde estava eu e porque ali me encontrava 
Era o que se passava na minha mente 
Enquanto o barqueiro agora tranquilo remava. 
 
Ao sairmos das águas turbulentas que me assustou 
Entramos em um enorme lago esverdeado 
E o castelo de vidro o barqueiro apontou. 
 
- Não temas e nem percas a alegria - 
Disse-me ele rompendo o silêncio 
- Você está sendo conduzido na sua travessia. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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