sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Toda forma possível de amor

Sentir a brisa da manhã ou olhar o pôr do sol 
Onde o vento possa levar os pensamentos 
Longe de qualquer ilusão que possa sufocar a alma 
Nem mesmo os parasitas podem sobreviver 
Quando as árvores olham os fios nos postes 
Se vê a solidão 
Um girassol pode até olhar o poente 
Sentirá eles a alegria estampando em seus olhos? 
 
Nas pequenas casas isoladas da montanha 
Se pode ver o horizonte 
Nem mesmo a noite mais longa 
Pode tirar o sono do apaixonado 
Que vê nos sonhos mais lindos a imagem mais bela do amor. 
 
Mas os fantasmas aparecem 
E ouve-se o canto dos pássaros despertando a manhã 
E haverá a oportunidade de se ver aquele olhar outra vez 
O mesmo que fez seu coração parar subitamente 
Como se fosse o barco a chegar na margem 
No destino final de quem ama 
Sem saber que o sol brilha outra vez 
Nos campos floridos do cerrado na primavera 
Onde o amor sempre pousou como uma borboleta. 
 
Sol e chuva não podem alegrar 
Quem quer apenas sonhar 
Sem poder esquecer o amor de sua vida 
Que atormenta suas noites sombrias 
Pois já não há mais a esperança de outrora 
Quando até o silêncio lhe fazia companhia. 
 
Inútil sacudir as folhas orvalhadas da saudade 
Que insiste em arrancar a paz do coração 
Onde parece ter uma linha amarela que não consegue cercar 
Nem ofuscar a memória daquele amor tão fugaz 
Como o sol a brilhar nas manhãs de outono. 
 
Você não poderia ter ido dessa forma 
Não antes de conhecer 
Toda forma possível do amor. 
 
A solidão é como um parasita 
Que corrói a alma triste 
Arrancando-lhe a última esperança 
Até da árvore que retém os seus frutos 
Quando ouvem os sinos badalarem na torrezinha da vila 
Onde ela caminhava inocentemente 
E seus cabelos voavam com o vento. 
 
A flor vermelha cresce silenciosamente 
E a saudade faz companhia 
Oscilam-se os sinos sem ruído 
Agora está tudo muito quieto 
E também não vejo mais nada! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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