terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Olhos transpassados


Mais nefasto do que a escuridão dos olhos 
Sem saber a direção certa a seguir 
Caminhava como o ébrio na noite fria 
E não podia mais sonhar como outrora fazia 
No silêncio de sua consciência. 
Tudo não passava de uma grande ilusão 
Que ofuscava sua visão turva pelo pesadelo 
De uma despedida que rasgava o coração. 
Era um verme que rastejava 
Pisado pelas palavras cruéis ditas sem pudor 
O coração sangrava e sentia calafrios terríveis 
E quanto mais desejava o descanso 
Mais ouvia os gritos desaforados dos loucos 
Na rua deserta a fazer arruaças. 
Nem mesmo os lobos ousavam desafiar 
Aquelas criaturas abomináveis das trevas 
E se sentia cada vez mais sozinho no mundo 
Queria apenas sorrir outra vez 
E lembrava os tempos bons que vivera. 
Uma lança cortou sua pele 
O sangue jorrava violentamente 
Não conseguia ordenar os pensamentos 
Nem contar com o socorro de alguém. 
Tudo chegara ao fim 
Não havia mais esperança 
Os olhos foram transpassados pelas flechas 
E nunca mais veria a luz outra vez 
Nem aquele olhar tão singelo 
Que alegrara sua vida um dia. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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