sexta-feira, 25 de março de 2022

O lobo do homem

Houve um momento
Que parei para pensar em tudo isso 
A existência humana que chama nossa atenção 
Eu vejo um gato a dormir o dia inteiro 
E imagino a sua felicidade em não ter nada para pensar 
Enquanto nós nos matamos 
Com tantas preocupações. 
 
Um corpo que cai 
Um criminoso que ronda a nossa vida 
E somos tão imprudentes 
Invisíveis 
Que não notamos nada além do que está diante de nós
Porque o infeliz também é invisível aos nossos olhos.
 
O mundo é um lugar perigoso 
Alguém que diz ser meu amigo 
Pode me trair a qualquer momento 
E eu nem mesmo vou imaginar isso 
Porque confio cegamente nos meus amigos. 
 
Agora ando pelas ruas desertas de uma cidade 
Não vejo nada além confusão 
Um corre-corre frenético que não faz sentido algum 
E me pergunto por que as pessoas agem assim?
Observo um formigueiro 
Acabei de pisá-lo para ver o desespero das formigas 
E as vejo mais organizadas do que nós. 
 
Há um mundo lá fora que não queria conhecer 
Nele falta a sensibilidade de pessoas boas 
E sobra a desigualdade 
Porque quem tem muito sempre quer mais 
E exploram os que já sofrem sem ter quase nada. 
Abra o seu coração 
Não apenas os seus olhos e veja 
A realidade do mundo que nos cerca. 
 
O que podemos fazer para que o amanhã não seja tão ruim 
Que não desejaríamos nele estar. 
Faça silêncio e ouça as vozes dos oprimidos 
Os gemidos pelas madrugadas frias no inverno 
Sinta o medo nos olhos de quem acaba de ser assaltado 
Por um meliante que não poupa a vida de ninguém. 
 
Eu até gostaria de não ficar aqui lamentando 
Quase ninguém liga mesmo para isso 
Cada um faz o que acha melhor 
E não se importa nada com os outros 
Porque o homem é o lobo do homem 
E irá se digladiar até o fim 
Porque todos querem a mesma coisa 
E nem todas as coisas estão ao alcance de todos. 
 
Você me pede para parar 
Não quer mais ouvir essa ladainha 
Sou tão pessimista que o mundo parece não valer nada 
Só não percebem que apenas falo a verdade 
Que precisamos refletir sobre nossas ações 
Para não cometermos os mesmos erros do passado. 
 
Mas, isso não importa para a maioria 
Eles seguem como rebanhos a sua vida monótona 
Amam a zona de conforto e abraçam a mediocridade 
E não podemos fazer nada contra isso. 
 
Erga sua cabeça e veja além do horizonte 
Não viva com os olhos vedados para sempre 
Se ainda há uma luz no horizonte 
Que caminhemos para lá 
Quem sabe assim ainda haja esperança. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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