quinta-feira, 31 de março de 2022

Primeiro eu tive que morrer

Era tudo muito cansativo 
Sempre a mesma coisa 
Um cotidiano extenuante que sugava minhas energias 
Sentia em mim o sufocamento do tempo 
As exigências de um mundo cada vez mais urgente 
Era tudo muito estressante. 
 
Então eu parei de correr 
No início quase fui atropelado 
As pessoas gritavam comigo para sair da frente 
Eu as atrapalhava em suas buscas desenfreadas 
Quase fui pisoteado 
Xingaram-me com todos os palavrões possíveis 
E eu quase vacilei os meus pés 
Quase prossegui adiante na mesma rotina. 
 
Não posso fazer mais isso, pensei comigo 
Estava disposto a sobreviver 
Queria apenas espaço para viver uma vida normal 
Sem as cobranças diárias de um mundo capitalista cruel 
Que arrancava a minha pele 
E vendia a minha carne nos mercados clandestinos. 
 
Mas, não sabia eu que era preciso morrer 
Só a morte pode nos libertar 
Primeiro eu tive que morrer 
Ao morrer eu sepultei todo o orgulho 
Todas as ambições de um mundo perverso 
E tornei-me livre das amarras que me prendiam 
E agora posso caminhar livremente 
Porque nada mais importa deste mundo infame. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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