sábado, 12 de novembro de 2022

Conexão

O andarilho sozinho que vi na esquina 
Não parecia sentir a tristeza do mundo 
Da mesma forma que a velha senhora no riacho 
Que lavava as roupas da família 
Ao mesmo tempo que cuida
Dos netos a correr pelos campos 
Espantando as borboletas pousadas nas flores. 

Aquela moça de olhar bonito e misterioso 
Que olhava atentamente para o rapaz na academia 
Não me pareceu preocupada com o homem 
Que gritava alucinante no bar da esquina 
Para que o jogador do seu time 
Pudesse concluir a jogada fazendo o gol. 

Tempos de paz não condiz com a esperança 
Assim como tempos de guerra não se alia a monotonia 
De mulheres andando alegremente pelos shoppings 
Nem mesmo com jovens de semblantes pesados 
Que correm como loucos para não perderem 
O tempo certo de fazerem suas provas. 

O mundo é só uma loucura total em tempos sombrios 
A conexão que não se sabe ao certo onde começa 
Nem pode-se afirmar que alguém saiba onde termina 
Apenas tentáculos de um sistema invisível 
Que prende todos em uma grande teia 
Para serem devorados 
Pelo grande monstro do urgente. 

Lugares sombrios não são mais perigosos 
Do que a sala de estar onde está a televisão ligada 
Ou no quarto onde estão as crianças 
Com seus aparelhos ligados 
Nos maiores perigos da humanidade 
E quase ninguém está preocupado com isso 
Porque cada um tem 
A sua parcela de preocupação consigo mesmo. 

Perdemos o equilíbrio da vida 
Ou apenas assistimos impassíveis 
Até que haja a destruição total de todos os pensamentos? 
Somos frutos de um tempo perdido 
Ou estamos perdidos em um tempo abominável 
Que leva a humanidade a não pensar em mais nada? 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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