segunda-feira, 7 de novembro de 2022

O homem que amava a raça humana

Nem todos estão sujeitos aos encargos da felicidade 
Haverá sempre alguém na penumbra 
Alguém que vai puxar o tapete de outro 
Ou jogar taxinhas para furar os pneus 
Ou jogar os corpos nos latões de lixo. 
 
Flores ao entardecer não convence alguns 
Quando a fumaça sobe no alvorecer 
Há sinais de que as lutas não serão vencidas 
Por quem não sabe lutar as batalhas 
E fazem o tempo parar para os outros. 
 
Pobres desgraçadinhos não são bem-vindos 
Famintos que param os transeuntes nos semáforos 
Homens de bronzes que fazem festas escondidos 
Que forçam mulheres realizarem seus desejos sórdidos 
Nas madrugadas frias de um inverno qualquer. 
 
Se queres que alguém segure seu cavalo 
Grite com todas as forças de seu pulmão 
Só será ouvido por ouvidos toscos de cabeças ocas 
Quando o som for mais alto do que as vozes 
No tempo de onde as flores já caíram no chão. 
 
O homem que amava a raça humana não pensava direito 
Já estava na meia-idade do diabo e cansado 
Ele subia ligeiro a grande colina da ilusão 
Onde desejava abrir seu coração para todos 
E dizer que apenas um livro absurdo poderia ser lido. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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