terça-feira, 22 de novembro de 2022

Muito mais do que tudo isso que digo agora

I 
O viver de cada um diz respeito a sua própria vida 
E não podemos interferir 
Cada pessoa vem ao mundo sozinha 
Caminha boa parte de sua vida sozinha 
E, no final, vai-se sempre sozinha. 
O que somos nós na vastidão do universo? 
Podemos interferir no vento que espalha as folhas? 
Podemos sorrir no momento de luto? 
Acreditamos sempre em um novo alvorecer 
Mesmo que tenhamos um noite ruim 
E fazemos isso porque sabemos 
Que sempre haverá um novo dia e novos desafios. 

II
 A vida nos ensina a ter paciência 
Que há um longo caminho entre o plantar a semente 
E o colher o fruto 
Ou ver as flores desabrocharem 
Nada do que se faz com pressa costuma dar certo 
Nada do que foi será um dia 
O sol vai nascer independente de você querer ou não 
Porque tem coisas que não posso controlar 
E isso é uma coisa boa 
Porque não gostaria de ser o dono do mundo 
E ter que tomar decisões tão sérias assim. 

III
Eu ando tão despreocupado ultimamente 
Sei que os dias da minha infância já se foram 
E os dias da velhice se aproxima 
Então penso no que poderia ter feito e não fiz 
No que poderia não ter feito e fiz 
E no que posso ainda fazer pela frente 
O meu semblante não emite o meu sentimento 
Porque máscaras adquirimos com o tempo 
Com as experiências que a vida nos ensina 
Cada um de nós aprende algo todos os dias 
E ninguém pode mudar esse fato crucial da nossa existência. 

IV
Fale baixo e não permita que meus ouvidos sejam corrompidos 
Não posso permitir que acabem com os meus sonhos 
De nada adiantaria sonhar e continuar dormindo 
Se o mundo não pode ser transformado assim 
Então olho para o quadro na parede 
Imagino a inspiração do pintor e sua dor perene 
No entardecer de um dia qualquer 
Que não foi registrado pela memória alheia 
Se o momento não pode ser lembrado 
Quem deseja saber o que se passava na mente dele 
Quando o sol deixou-se ser substituído pelas estrelas. 

V
Uma borboleta voou baixinho entre as flores 
Não queria assustar os leões e espantar os falcões 
Que poderiam não a perdoar por tamanha insolência 
E ninguém notou as folhas que caiam com o vento leve que soprava 
O mundo parecia correr na sua calmaria 
Entre as pedras que permeavam o riacho 
Enquanto alguns animais selvagens bebiam água 
As lembranças eram atiçadas a memorável poesia 
Que mais lembrava uma canção triste de despedida 
Quando se ama de verdade e não conhece o amor. 

VI
Todas as memórias do mundo em que vivemos 
É muito mais do que tudo isso que digo agora 
É o infinito de lembranças que povoam os pensamentos 
Que permanecem estáticas no coração desolado a pensar 
Quando o universo está diante dos olhos indecisos de alguém 
Os sonhos são fontes de esperança 
Dos que vivem a vida para buscar tesouros 
Não bens materiais e sim riquezas eternas 
Que só podem ser encontradas no profundo do coração 
Sentimentos puros que fazem brilhar os olhos 
Que se alojam bem lá no fundo da alma. 

VII
Não falo do que não conheço e por isso fico em silêncio 
Se não quero deixar escapar os meus sentimentos 
Palmilho um território perigoso, bem sombrio 
Que pode esconder armadilhas em sorrisos fascinantes 
Ou em olhares misteriosos que seduzem 
E eu não desejo mais ser traído por sentimentos vazios 
Ninguém deveria passar por tamanho sofrimento 
Porque a vida deveria ser feita de encontros 
Mas prevalecem os desencontros de interesses 
Quando desejo o que não posso ter 
A vida deixa de ser a melhor opção deste mundo. 

VIII
Quero deixar o registro de minhas labutas 
Dos desejos que perpassaram o meu coração sonhador 
No tempo que não pude ver diante de meus olhos 
Porque estava envolto nas penumbras do sentimento 
E tudo deixou de fazer sentido para corações vazios 
Se os pássaros não podem esconder os seus cantos 
As flores estão dispersas pela força oculta dos ventos 
Na aurora de um novo horizonte que desponta 
Além das altas montanhas distantes 
E acalma os corações mais sensíveis que possam existir. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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