segunda-feira, 27 de março de 2023

Sentinelas que observam

Sentinelas de um tempo caótico 
Perambulam pelas ruas sujas das cidades 
Em becos mal iluminados 
Onde há lixo espalhados pelas calçadas 
E gente dormindo coberto de jornais. 

Meninas muito novas se escondem nas vielas 
Não querem ser vistas pelos olhos alheios 
Estão ali em busca de salvação 
Precisam conseguir alguma coisa 
Para alimentar as suas ilusões. 

Ratos reviram os restos de alimentos 
E são perseguidos por gatos vadios 
Que são enxotados por cães solitários 
Perdidos em seu abandono noturno 
Em busca de algo para forrar o estômago. 

Um guarda noturno apita o seu apito 
Na esperança de espantar algum gatuno 
Ou de avisar os proprietários 
De que faz a sua ronda corriqueira 
Na esperança de receber a sua bonificação. 

Os sentinelas apenas observam o caos 
O abandono de vidas nas sarjetas 
Entreolham entre si com indagações nos rostos 
Porque ninguém tem uma resposta plausível 
De que forma a humanidade chegou a esse ponto. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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