sábado, 7 de outubro de 2023

Asas feridas

Não sei o que faço de mim 
Na escuridão eu busco você 
Apalpo e não consigo tocar suas mãos 
Busco um refúgio e você não está em lugar nenhum 
A solidão é aterrorizante 
Assustadora e cruel 
Ela ri de minha busca 
Zomba de minha angústia 
E parece saber que você não irá voltar 
Sou habitado por um grito 
Um buraco enorme que aumenta dentro de mim 
Noite após noite num debater agoniante 
Estou com as asas feridas 
E não consigo mais voar 
Procuro alguma coisa para me agarrar 
E não despencar de uma vez nesse abismo sem fim 
Preciso ter garras para segurar 
Preciso me agarrar em algo para amar 
Tudo é tão escuro e vazio sem você 
E eu juro que não sabia disso 
Que não fazia noção que a sua ausência 
Seria o meu fim 
Seria um desastre para mim 
Sei que não adianta nada ficar chorando pelos cantos 
Você já não ouve o meu lamento 
Estou sozinho na caminhada 
E se quiser continuar vivo 
Devo saber que é sem ter o seu carinho 
Então devo calar-me em minha angústia 
Deixar que a solidão me abrace com suas garras frias 
E vou tentar dormir para esquecer 
Que um dia você esteve por aqui. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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